A luz do setembro amarelo, vamos falar de um tema que muita gente sente na pele, mas que poucos realmente entendem: o estresse.

Estresse: muito além da correria do dia a dia

A vida gira rápido, como numa padaria cheia de gente. Mas o que exatamente acontece com a nossa mente e corpo quando estamos estressados? E por que, mesmo sem perceber, o estresse pode ser tão nocivo?

Um pouco de história: do Freud à neurociência moderna

No começo do século 20, não tínhamos muita ideia do que existia dentro do cérebro. Freud, famoso por fundar a psicanálise, foi um dos pioneiros a tentar entender os mistérios da mente, mesmo com recursos tecnológicos limitados.

Foi só na década de 1930 que a ciência começou a descrever com detalhes o que o estresse faz no corpo dos mamíferos. Um pesquisador chamado Hans Selye publicou, em 1936, a descrição da resposta do corpo ao estresse — ele chamou isso de uma resposta endocrinológica orquestrada, ou seja, uma reação fisiológica envolvendo hormônios diante de estímulos nocivos.

Mais tarde, Walter Cannon, outro grande nome da ciência, explicou a famosa reação de “luta ou fuga”, aquela que todo mundo já ouviu falar. Quando seu corpo percebe perigo, ele prepara você para enfrentar ou fugir, ativando uma cascata de hormônios — o cortisol sendo o principal deles.

O papel do cortisol e o ciclo circadiano

O cortisol é conhecido como o “hormônio do estresse”. Ele segue um ritmo natural no nosso corpo — chamado de ciclo circadiano — que regula nosso sono, vigília e alerta. De manhã, os níveis sobem para ajudar você a acordar; à noite, eles diminuem para facilitar o descanso.

Mas quando o estresse vira rotina, o cortisol fica alto o tempo todo — e aí começa o problema: aumento da pressão arterial, problemas no sono, ansiedade, ganho de peso e até doenças graves como diabetes e Alzheimer.

O cérebro sob estresse: da percepção à reação

Quando você vê algo ameaçador (como uma cobra, mesmo que falsa), seu cérebro reage muito antes de você pensar sobre isso. A informação visual passa pelo tálamo, que funciona como um filtro, e pode ser enviada direto para a amígdala — a região que controla o medo — antes mesmo de você “conscientemente” perceber o perigo.

Essa reação automática é essencial para nossa sobrevivência, pois prepara o corpo para agir rápido.

O problema é quando essa resposta fica ligada o tempo todo — tipo quando você está sentado no sofá preocupado com as contas, o trabalho ou a vida pessoal. Seu corpo fica em alerta constante, mas não gasta essa energia como deveria — fugindo de um perigo real, por exemplo.

Esse estresse crônico afeta seu sistema imunológico, aumenta o risco de doenças cardiovasculares, prejudica o sono e pode desencadear problemas mentais, como ansiedade e depressão.

Uma coisa interessante é que o estresse ativa regiões do cérebro ligadas a hábitos antigos e comportamentos recompensadores — aqueles que, no passado, deram prazer ou ajudaram na sobrevivência.

Isso explica porque, quando estressados, muitas pessoas recorrem a comportamentos impulsivos como comer em excesso, fumar, usar drogas ou até se irritar facilmente.

Como lidar com o estresse?

Lidar com o estresse é uma habilidade essencial para manter o bem-estar físico e mental. 

Técnicas de relaxamento

  • Respiração profunda: Inspire lentamente pelo nariz, segure por alguns segundos e expire pela boca. Repita por alguns minutos.

  • Meditação ou mindfulness: Praticar atenção plena ajuda a acalmar a mente e reduzir a ansiedade.

  • Alongamento ou ioga: Movimentos suaves aliviam tensões acumuladas no corpo.

Atividade Física

Funciona como um “descarregador” natural da resposta de luta ou fuga, ajudando o corpo a usar toda aquela energia acumulada.

Além disso, exercícios liberam endorfinas — os analgésicos naturais do corpo — e ajudam a regular o ciclo do cortisol.

Organização e planejamento

  • Estabeleça prioridades: Use listas de tarefas e defina o que é mais urgente ou importante.

  • Divida grandes tarefas: Quebrar projetos em etapas menores evita sobrecarga.

Conexões sociais

  • Converse com alguém de confiança: Falar sobre o que está sentindo pode aliviar o peso emocional.

  • Busque apoio profissional: Psicólogos e terapeutas são aliados valiosos no manejo do estresse.

O estresse não é “coisa da cabeça” — é uma reação biológica complexa, fruto de milhões de anos de evolução, que serve para nos proteger. Mas quando vira rotina, pode se tornar um grande vilão para nossa saúde física e mental.

Por isso, entender como funciona essa resposta e aprender a gerenciá-la é fundamental para uma vida mais equilibrada e saudável.

Quais mais formas de enfrentar o estresse? Conte nos comentários suas estratégias!

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Graduada em Psicologia pela PUCRS.
Especialização em Psicologia Organizacional pela Fadergs.
Professional Coaching - SLAC - Sociedade Latino Americana de Coaching.
Analista Comportamental DISC Profiler pela Sólides.
Há mais de 16 anos na área Gestão de Pessoas ampliando sua experiência em empresas de varejo, serviço e indústria nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Goiás.

Em sua última experiência corporativa atuou como supervisora no processo de folha de pagamento e desenvolvimento de líderes e equipes.

Facilitadora e palestrante nos temas de Educação Corporativa, comunicação e feedback, ensino e aprendizagem e gestão do conhecimento.