Todos nós somos uma marca. Desde a infância, nossas histórias e experiências moldam quem somos e influenciam não apenas nossa personalidade e vida, mas também as pessoas ao nosso redor. Marca pessoal é como contribuímos para o mundo, a forma única como nos diferenciamos e o que as pessoas lembram e falam sobre nós quando saímos de uma sala.
No mundo corporativo, a marca pessoal é ainda mais crucial. A beleza de um grupo, seja uma empresa ou qualquer outro, reside em sua pluralidade. Trazer diversas pessoas com suas histórias e experiências únicas enriquece o ambiente e as experiências proporcionadas. Por mais que sejamos responsáveis por nossa marca pessoal, construí-la e gerenciá-la não é tarefa fácil. Exige um nível profundo de autoconsciência.
Autoconhecimento: O Pilar Fundamental da Marca Pessoal
A dificuldade de muitas pessoas em se definir, até mesmo para uma breve biografia de Instagram, revela a falta de autoconhecimento. Não saber quem somos, o que realmente queremos, ou o que faríamos se tempo e dinheiro não fossem um problema, demonstra a ausência de intencionalidade.
O primeiro passo para desenvolver e potencializar sua marca pessoal é o autoconhecimento. Infelizmente, essa palavra tem sido banalizada, mas é impossível gerenciar uma marca — seja pessoal ou corporativa — sem um olhar para dentro. Antes de sair comunicando ou “vendendo” algo, é preciso tirar o pé do piloto automático, parar e refletir. Em um mundo acelerado, essa pausa é rara, mas essencial. É o momento de questionar:
- O que estou comunicando ao mundo?
- O que estou construindo?
- Como cheguei aqui, fazendo o que faço hoje?
É importante lembrar que a marca pessoal não se resume apenas à vida profissional. Nossas paixões de infância, hobbies e a forma como nos comportamos em diferentes contextos moldam nossa identidade. Líderes e colaboradores muitas vezes pensam que não têm tempo para essa reflexão, priorizando resultados imediatos. No entanto, o autoconhecimento tem uma relação direta com o sucesso de nossas carreiras e negócios.
Dicas práticas para desenvolver sua marca pessoal
Construir uma marca pessoal forte e autêntica é um processo contínuo. Aqui estão três dicas para iniciar essa jornada:
- A Linha do Tempo da Carreira: Sucessos, Fracassos e Padrões de Comportamento
Este exercício consiste em traçar uma linha do tempo da sua carreira, desde o início até o presente.
- Marque o Início: Defina o que você considera o ponto de partida de sua trajetória profissional.
- Liste Sucessos e Fracassos: Na parte superior da linha, liste 5 sucessos que você considera marcos em sua carreira, independentemente da percepção alheia. Na parte inferior, liste 5 fracassos ou experiências negativas que tiveram impacto.
- Analise Cada Ponto: Para cada sucesso e fracasso, reflita:
- O que você estava fazendo?
- Qual foi sua atitude?
- Quem estava com você (mentores, conselheiros, amigos)?
- Como a experiência se desenrolou?
Este exercício revela padrões de comportamento. Você perceberá atitudes que consistentemente o levam ao sucesso e “defeitos” que tendem a gerar fracassos. Ao entender o que o impulsiona e o que o puxa para baixo, você ganha clareza sobre como chegou até aqui e, mais importante, para onde quer ir. É fundamental também saber o que não se quer mais, pois essa clareza define muito do caminho a seguir.
- Feedback e Oportunidades: Onde Residem Seus Talentos
Esteja atento aos feedbacks que você recebe e às oportunidades que surgem em seu caminho, tanto no ambiente corporativo quanto em sua vida pessoal.
- Nem todo Feedback é Formal: Muitas vezes, nossos talentos são revelados em elogios cotidianos ou em pedidos informais (“você sempre me ajuda com isso”, “você é ótimo para revisar textos”).
- Analise Convites e Propostas: Se você é frequentemente convidado para podcasts, lives, palestras ou projetos específicos, isso indica onde o mercado enxerga suas habilidades e onde você pode se tornar uma referência.
- Foque em Fortalezas: Embora seja importante trabalhar nos “defeitos”, é muito mais eficaz se tornar mestre naquilo que você já faz bem. A diferenciação reside em ser referência em um assunto. Seus feedbacks e oportunidades são bússolas para identificar onde moram suas principais habilidades.
Lembre-se que feedbacks também podem ser digitais. Mensagens como “Lembrei de você quando vi isso” revelam como você está sendo percebido. Pergunte-se se essa percepção alinha-se com a imagem que você deseja transmitir. Por exemplo, ser lembrado apenas por gostar de café pode ser legal, mas se você não tem uma cafeteria, isso talvez não seja o aspecto que você quer mais enfatizar profissionalmente.
- Comunicação Intencional: O Que Você Transmite Consciente ou Inconscientemente
Tudo comunica. Sua marca pessoal não se limita ao digital, mas a presença online é um reflexo importante.
- Redes Sociais com Intenção: Olhe suas últimas fotos e publicações. Elas comunicam o que você quer? Estão equilibradas com aquilo que você acredita, que o inspira e que você realmente oferece ao mundo? Não há problema em compartilhar momentos pessoais, desde que isso seja intencional e não ofusque a mensagem principal da sua marca.
- Analise Seus Áudios e Interações: Ouça seus próprios áudios e analise: você foi objetivo? Conseguiu comunicar o que queria? Qual foi o seu tom de voz (acolhedor, incisivo, enfático)? A comunicação não tem certo ou errado, mas precisa ser intencional para atingir seus objetivos.
- Aparência e Presença: Sua roupa, sua postura, tudo isso comunica. Se você quer transmitir uma imagem de força, talvez uma camisa de babados não seja a melhor escolha para um contexto formal. Fuja de estereótipos, mas entenda que tudo o que você apresenta comunica algo.
O Segredo para o Sucesso: Autocontrole e Consciência
A falta de comprometimento (como fazer apenas o mínimo acordado ou tentar burlar regras) ou a falta de cooperatividade podem prejudicar gravemente a marca pessoal. Em um mundo pós-pandemia, onde o controle é mínimo, é loucura não controlar o que podemos controlar: nossa comunicação e a imagem que transmitimos.
Mesmo que a comunicação seja sempre uma via de mão dupla (o que você transmite versus o que o outro interpreta), ter autoconhecimento e uma estratégia intencional permite um controle significativo sobre sua parte nessa equação. Lembre-se: quando você cresce, todos ao seu redor crescem junto. Não há “eu versus eles”, mas sim uma colaboração contínua.
Comece pelo autoconhecimento, analise os feedbacks e intencione sua comunicação. Esse é um processo eterno, mas cada passo o levará a uma marca pessoal mais forte, autêntica e alinhada com quem você realmente é e com o que você quer transmitir ao mundo.
Qual dessas dicas você sentiu mais forte para começar a aplicar hoje na construção ou aprimoramento da sua marca pessoal?
