O Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho é comemorado a 27 de julho. Objetivo é chamar a atenção para a importância da prevenção de acidentes e doenças de trabalho, incluindo doenças ocupacionais. A NR-01, que trata das disposições gerais e do gerenciamento de riscos ocupacionais nas empresas. Por isso, se faz necessário tratarmos de temas que inspiram reflexões sobre saúde mental e segurança, que torna a gestão de riscos um diferencial estratégico.

Precisamos entender de uma habilidade essencial: a resiliência. Palavra cada vez mais presente no nosso vocabulário, mas que ainda carrega confusões e superficialidades em seu entendimento.


 

O que é, afinal, resiliência?

Diferente da definição física — como uma mola que retorna ao estado original após ser pressionada —, a resiliência no ser humano não é sobre “voltar a ser quem era”. É sobre ser transformado pela experiência sem ser destruído por ela. É sobre se adaptar, aprender e crescer, mesmo sob pressão, adversidade ou incerteza.

A psicologia positiva traz uma lente valiosa para entender esse conceito. Nessa perspectiva, ser resiliente é manter-se funcional, emocionalmente equilibrado e capaz de encontrar sentido mesmo em situações desafiadoras. Ao contrário do senso comum, a resiliência não é frieza ou negação da dor — é integração da experiência com desenvolvimento pessoal.

A prática da resiliência

Resiliência não é um dom inato. É uma habilidade construída pela experimentação, especialmente quando nos colocamos em situações que exigem novos comportamentos. Líderes técnicos, por exemplo, ao assumirem cargos de gestão, precisam desenvolver competências interpessoais — como empatia, escuta e influência. Isso exige sair da zona de conforto e, com o tempo, ampliar a própria identidade profissional.

Comportamentos são construídos pela repetição, e a resiliência nasce quando aceitamos essa evolução como parte da jornada. Isso também significa que mudanças nos modificam, e isso não nos faz menos autênticos, apenas mais amplos.


 

Capital psicológico: o recurso invisível das organizações

Não basta ter bons processos, orçamento controlado e uma equipe tecnicamente preparada. Se as pessoas não estiverem bem, o resultado não se sustenta. É aí que entra o conceito de capital psicológico positivo, ou PsyCap, que propõe que a saúde emocional e mental dos colaboradores deve ser considerada um ativo estratégico.

Esse capital é composto por quatro pilares, representados pela sigla HERO:

  • Hope (Esperança): A capacidade de traçar caminhos e acreditar em soluções mesmo em tempos difíceis.

  • Efficacy (Autoeficácia): A crença de que é possível realizar o que se propõe, mesmo com obstáculos.

  • Resilience (Resiliência): Capacidade de se recuperar, adaptar e crescer diante de adversidades.

  • Optimism (Otimismo): Enxergar o futuro com uma perspectiva positiva, sem ignorar a realidade.

Empresas que investem no desenvolvimento desse capital psicológico colhem benefícios tangíveis: colaboradores mais engajados, maior cooperação, clima emocional mais saudável e melhores resultados organizacionais.


 

Liderança e o desafio da integralidade humana

Falar de liderança humanizada é mais do que usar um termo da moda. É reconhecer que as pessoas não se dividem entre vida pessoal e profissional de forma rígida. Alguém emocionalmente esgotado não performa bem — e ignorar isso é uma miopia de gestão.

Líderes que compreendem a importância do bem-estar psicológico de suas equipes não assumem “mais uma responsabilidade”, mas sim uma visão mais completa da sua função: fomentar um ambiente onde o humano é valorizado e, por isso mesmo, mais produtivo.

O trabalho remoto e o risco do isolamento emocional

Com o avanço do home office, muitos profissionais passaram a operar com foco exclusivo na entrega técnica, minimizando o contato interpessoal. Isso gera um desequilíbrio: valorização do desempenho técnico em detrimento das competências socioemocionais, enfraquecendo o senso de pertencimento e cooperação.

A construção de relações saudáveis, empáticas e colaborativas continua sendo vital — e não deve ser negligenciada, mesmo (ou principalmente) à distância.

Desenvolvimento humano como eixo central

Falar sobre resiliência, inteligência emocional e capital psicológico não é luxo — é base para sustentabilidade humana e organizacional. Empresas que cuidam de suas pessoas colhem engajamento, inovação e resultados.

Mas a transformação começa em cada um de nós. Não espere que o outro crie o ambiente ideal: olhe para si, identifique seus recursos internos, fortaleça suas competências e amplie sua consciência. Só assim você estará preparado para viver plenamente as inevitáveis mudanças da vida — e sair delas maior do que entrou.

Se esse tema tocou você, compartilhe, reflita e pergunte. Afinal, desenvolvimento humano não é um destino, é um caminho — e estamos todos nele.

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Graduada em Psicologia pela PUCRS.
Especialização em Psicologia Organizacional pela Fadergs.
Professional Coaching - SLAC - Sociedade Latino Americana de Coaching.
Analista Comportamental DISC Profiler pela Sólides.
Há mais de 16 anos na área Gestão de Pessoas ampliando sua experiência em empresas de varejo, serviço e indústria nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Goiás.

Em sua última experiência corporativa atuou como supervisora no processo de folha de pagamento e desenvolvimento de líderes e equipes.

Facilitadora e palestrante nos temas de Educação Corporativa, comunicação e feedback, ensino e aprendizagem e gestão do conhecimento.